Em documento publicado chamado “Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia“, o Papa Francisco rejeita a proposta de ordenar homens casados como padres na Amazônia. A ideia havia sido proposta em relatório do Sínodo para a Amazônia, em outubro do ano passado, no Vaticano, mas não é mencionada em documento lançado pelo Papa nesta quarta.

O estudo de outubro foi aprovado após três semanas de discussão. Durante o processo do Sínodo, religiosos, leigos e representantes das populações tradicionais prepararam um documento com as reflexões sobre novos caminhos para a Igreja na Amazônia. Documento foi encaminhado ao Papa como ajuda para a construção do texto final.

O presidente  da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, nega que o Papa Francisco tenha descartado a proposta de ordenar homens casados para serem padres na Amazônia. De acordo com ele, o Papa Francisco disse que não retomaria o documento final do Sínodo em sua exortação, mas frisou que se trata de um relatório importante.

Segundo  Dom Walmor, o líder da Igreja Católica pede na exortação que haja um estudo concreto sobre como os serviços na igreja são prestados por homens e mulheres consagrados. “Então, tem um processo que tem que ser feito. Ele não faz nenhum descarte. Ele pediu que esse documento que rege o modo de se pensar a ministerialidade na igreja, os modos dos serviços prestados na igreja, que se leve a uma reflexão para se chegar a novas conclusões”, disse.

Questionado se o Papa Francisco havia batido o martelo em relação à questão, o presidente da CNBB disse que não. “Mas pediu esse trabalho, porque trata-se de algo que não é tão simples como as veses. se pensa, mas é uma experiência que precisa ser bem amadurecida”, afirmou. Sobre a possibilidade de o Papa ter recuado na proposta devido a pressão de bispos da Igreja Católica, dom Walmor afirmou que a pergunta só poderia ser respondida pelo papa. “Acho que o Papa é um homem de grande liberdade interior”, disse.

Ao ser questionado sobre os impactos da não ordenação de homens casados na Amazônia, o relator do Sínodo para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, afirma que o centro desta questão é a eucarística, citando que João Paulo II já disse que “a eucaristia edifica a Igreja”. “É possível continuar como estamos? Temos o direito de continuar assim, sem tomar nenhuma nova prática ou nova forma de viver o ministério para que também essas comunidades tenham normalmente a eucaristia e outros sacramentos?”, questionou.

O cardeal afirmou que será preciso continuar essa discussão e ver como será possível construir essa questão para que esses povos tenham acesso à eucaristia, trabalhando com o Vaticano e com o papa. “É preciso que cheguemos junto à conclusão. Esse processo vai continuar sendo levado para frente”, pontuou.

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Foto Capa Tiziana FABI / AFP