Por Adenildo Bezerra
O aumento de 513 para 531 deputados federais significa 18 novos parlamentares, cada um com salários, benefícios, verbas de gabinete, assessores, auxílio-moradia, passagens aéreas e estrutura administrativa. Considerando que o custo mensal de um deputado gira em torno de R$ 180 mil a R$ 210 mil, o impacto direto pode ultrapassar R$ 45 milhões ao ano, podendo chegar a R$ 50 milhões, somando encargos indiretos e reajustes.
Num país que enfrenta graves desafios sociais e econômicos, como pobreza, fome, precarização dos serviços públicos e déficit na educação e saúde, a decisão de aumentar o número de deputados soa como um descompasso ético e político com a realidade da população. O argumento técnico, redistribuição de cadeiras devido ao crescimento populacional em alguns estados, até pode ter fundamento jurídico, mas não é inevitável. A representatividade poderia ser revista por outros meios, como reforma política com redução de gastos e maior eficiência legislativa.
Além disso, o aumento no número de parlamentares não garante melhora na qualidade da democracia, tampouco mais compromisso com os interesses populares. Pelo contrário: reforça a imagem de um sistema político inchado, caro e distante das reais necessidades do povo brasileiro.
Enquanto professores, médicos e servidores públicos batalham por condições dignas de trabalho, a ampliação de cargos políticos pagos com dinheiro público reforça a ideia de que o Estado continua a servir mais aos seus representantes do que aos representados. É legítimo questionar: quem realmente ganha com isso? Certamente não é o povo que ganha.
Foto: Jornal Opinião CE
