O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que uma equipe da Polícia Federal foi enviada ao município de Viana, no Maranhão, “para evitar mais conflitos” entre capangas e indígenas.
Segundo a nota divulgada pela Pasta, o ministro Osmar Serraglio “ofereceu apoio à Secretaria de Segurança Pública que, por sua vez, já instaurou inquérito para investigar o caso”. O MJ declarou que “está averiguando o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas no povoado de Bahias, no Maranhão”.
Na tarde do último domingo, 30, indígenas que vivem no Povoado das Bahias, em Viana (MA) foram alvos de ataques de capangas. Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cinco índios foram baleados e dois tiveram as mãos decepadas. “Chega a 13 o número de feridos a golpes de facão e pauladas”, declarou o Cimi. Não há, até o momento, a confirmação de mortes. Cinco indígenas foram transferidos durante a noite de ontem e madrugada de hoje para o Hospital Socorrão 2, Cidade Operária, na capital São Luís.
De acordo com informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Aldeli Ribeiro Gamela foi atingido por um tiro na costela e um na coluna, e teve mãos decepadas e joelhos cortados. Seu irmão, José Ribeiro Gamela, levou um tiro no peito. O terceiro atingido foi o indígena e agente da CPT no Maranhão Inaldo Gamela, com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.
“Essa violenta ação aconteceu quando os indígenas decidiram sair de uma área tradicional retomada, prevendo a violência iminente. Dezenas de pistoleiros armados com facões, armas de fogo, e pedaços de madeira atacaram os Gamela no momento em que deixavam o Território. Para se protegerem, muitas pessoas correram e se esconderam na mata”, informou a CPT do Maranhão.
De acordo com a CPT, a ação contra os indígenas foi planejada e articulada por fazendeiros e pistoleiros da região, que, por meio de um texto compartilhado pelo aplicativo WhatsApp, convocavam pessoas para o ataque contra os indígenas. “O governo do Maranhão já havia sido avisado da situação conflituosa na região e do risco de acontecer um massacre, mas, ao que consta até o momento, nem a polícia havia sido deslocada até a área para tomar as medidas cabíveis.”
Atualmente, segundo a Pastoral da Terra, há cerca de 360 conflitos no campo no Estado. Destes, somente em 2016 foram registradas 196 ocorrências de violência contra os povos do campo. No ano passado, 13 pessoas foram assassinadas e 72 estão ameaçadas de morte.