Cleilson Fernandes: Sobre a vida, o 12 de junho, os amores e o vinho

Querendo ou não, hoje é um dia no qual é improvável, pelo menos por alguns poucos minutos, não se pensar sobre o conceito e a aplicabilidade do amor, de pessoas e de relacionamentos afetivos em nossa misteriosa, complexa e magnífica experiência de vida; da cumplicidade da vida compartilhada em relações de afeto no sentido conjugal, formal ou não.

O número 12 associado ao mês de junho pesa no que diz respeito a se pensar, avaliar e até questionar e criticar, de maneira muito consciente, nossas opções e condições de vida. Sozinhos ou acompanhados; felizes, tristes ou pensativos, todos passaremos por essa data. Só não seria bom por ela passar indiferentes.

Particularmente, penso em pessoas e coisas que já passaram pela minha vida e com as quais tive experiências, ou felizes ou que me ensinaram algo, mas todas com um significado e com seus méritos e deméritos, com suas contribuições possíveis, algumas bem vindas, outras nem sempre.

Escolhi o vinho para simbolizar tudo isso. Primeiro, porque o tempo o amadurece e lhe dá o devido sabor e significado; depois, porque é algo de excelência com o que se celebram momentos grandiosos de vitórias; é símbolo de sangue, de doação sem medida; de amor desmedido que dilata o coração e os atos. E todo amor é uma dor, um encanto e um mistério, e quase sempre, se mal vivido, por pressas ou exageros, provoca ressacas como poucas coisas, como as decorrentes do vinho.

Motivos mil explicaria eu sobre essa escolha meio a la Baco, mas me prenderei no significado pessoal que o vinho tem, nada muito explicativo. Apenas por ser a bebida que mais aprecio e a qual se fez presente nos melhores momentos que eu tive com as pessoas que amei, com as que amo e, se o mistério existencial me conceder a dádiva, estará com as pessoas que amarei no futuro e com os meus melhores momentos.

Não importa o tipo de amor, se foi amor e se é amor, o vinho – dos bons ou dos mais simples – sempre foi meu companheiro, nos bons e maus momentos, a só, a dois ou entre os meus… Se for um Bordô Suave, para hoje, melhor ainda, porque essa data é como o amar e o viver: um misto de amargor e doçura que nos alegra, embriaga, faz-nos desfalecer, e nos proporciona dores de cabeça, de estômago, e dizem que de “coração”.

Sim. Podem ser indesejáveis as consequências de um vinho, como podem ser as de um amor ou de uma vida de amar. Mas, no geral, bebemos de novo e amamos de novo.

Evoé!

Texto: Cleilson Fernandes.
Email: f5@cleilsonfernandes.com
Imagem de capa: Gazeta OnLine

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