Dentre as fontes de pesquisa histórica e os pontos de visitação turística do município de Arari, na Baixada Maranhense, o Memorial Pe. Clodomir Brandt e Silva é um dos principais acervos culturais de memória no interior do Maranhão, dada a magnitude da obra do Pe. Brandt e as peças que o local preserva. Fofografia, iconografia, discografia, acervo jornalístico, bibliográfico e literário estão entre as peças disponíveis para visitação e pesquisa.
Esta reportagem, do blog com o projeto “Arari, Cidade Aberta” do Instituto Perone, busca descrever esse centro de memória e demonstrar a necessidade de apoio comunitário, da iniciativa privada ou governamental, de modo que se garanta permanência desse espaço de cultura e pesquisa, para a nossa e para as futuras gerações.
Isso considerando a falta de apoio à iniciativa, que só continua aberta ao público graças à boa vontade da cuidada do acervo, que a ele se dedica voluntariamente e ainda investe recursos próprios na manutenção na manutenção do centro de memória. Fora isso são poucas as contribuições para custeio das despesas de conservação do acervo, manutenção e funcionamento do memorial.
O acervo
Localizado no centro da cidade, no cruzamento da rua João Inácio Garcia com a Praça Nossa Senhora da Graça (Praça da Santa), o memorial dispõe em seu acervo, que é aberto à visitação e pesquisa, peças como imagens sacras da paróquia de Arari, objetos litúrgicos e paramentos utilizados pelo sacerdote durante mais de meio século de sua presença no lugar, ostensórios, sacrário e outros.
As paredes do prédio são decoradas com vários quadros que retratam diferentes momentos da trajetória do padre Brandt, grande quantidade de recortes e artigos de jornais sobre a obra brandtiana no município; rico acervo fotográfico sobre o sacerdote e iconografia católica; toda a obra bibliográfica e literária do escritor e discografia utilizada no sistema de comunicação Voz de Arari.
Todas as edições do jornal Notícias de Arari e Boletim Paroquial encadernadas; exposição de diplomas e certificados das condecorações do monsenhor; esculturas e efígie comemorativa do primeiro centenário de nascimento do homenageado etc., são outros recursos disponíveis aos visitantes, alunos, professores, pesquisadores e turistas em visita a Arari.
Melhorias recentes
Aberto pouco depois do falecimento do Pe. Clodomir, o Memorial foi instalado no prédio que, por décadas, foi a residência do sacerdote, educador, escritor e líder comunitário. Trata-se deu um imóvel de estrutura simples e em relativo estado de conservação na época. Após anos de funcionamento já como memorial, uma reforma para pequenos reparos se fazia necessária, sobretudo com aproximação do centenário de nascimento do memorável.
O memorial, que também dispõe de uma sala de reuniões e mobília original utilizado pelo Pe. Clodomir, é atualmente sede da Seção de Arari da Academia Arariense-Vitoriense de Letras (AVL), que coordenou a celebração do centenário de nascimento do religioso em abril de 2018. Na ocasião, como preparativos para a comemoração da data, o prédio recebeu alguns melhoramentos, como implantação de forro e restauração da pintura.
Funcionamento e acesso público
O memorial é mantido em funcionamento pelo Instituto Pe. Clodomir Brandt e Silva, tendo como presidente a professora Creuza Ribeiro, que também exerce a função de curadora do acervo. Na verdade, a professora é a grande idealizadora, incentivadora e cuidadora desse centro de memória.
O memorial é aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 8 às 11 e das 14 às 17 horas (exceto nos feriados. Visitas podem ser realizadas individualmente ou em grupos, no segundo caso por agendamento no local. Em caso de grupos de alunos, a visita é permita mediante acompanhamento de professores, de acordo o número de visitantes.
Dificuldades de manutenção
O Instituto Pe. Clodomir Brandt e Silva, entidade sem fins lucrativos que oficialmente tem por missão preservar a memória e o patrimônio cultural relacionado ao Pe. Brandt e sua obra, não dispõe de recursos próprios para custear as despesas de funcionamento e manutenção do memorial, o que ocasiona dificuldades na conservação do acervo e e na garantia de continuidade de funcionamento do local.
Diante da falta de outras fontes, a própria presidente do Instituto, que é a cuidadora do acervo, a professora Creuza Ferreira Ribeiro (Prof.ª Creuzinha) é que acaba por custear, de forma voluntária, as despesas de conservação, funcionamento e manutenção do prédio, do acervo e de um colaborador que exerce a função de atendente ao público e zelador das peças e do prédio.
Além do esforço pessoal da professa Creuza, vez ou outra o memorial recebe, de maneira esporádica, alguma doação como as oriundas do desembargador Marcelino Everton e do também arariense Ademar de Sousa Maciel, bem como do empresário local Geórgio Ribeiro Costa.
A Prefeitura de Arari, já na atual gestão, chegou a contribuir com a instituição com um valor mensal que era utilizado para custeio de parte das despesas com o funcionário que zela pelo prédio e o acervo, e atende ao público. Mas essa ajuda foi restrita há alguns poucos meses, não tendo continuidade.
“Esforçamo-nos para manter o Memorial em funcionamento, inclusive com um agente em dois turnos, que além de atender a visitantes, também é bastante dedicado em manter o prédio e o acervo sempre em ordem. Não tem sido fácil e é importante destacar que o Memorial é um patrimônio povo arariense. Mantê-lo é algo de grande importância para nossa comunidade” – destacou a professora Creuza Ribeiro ao Blog
Diante da situação, o espaço de memória fica em uma situação vulnerário e em condições precárias de garantia de continuidade como referência em centro de visitação e pesquisa local. Urge que se estabeleçam meios de apoio externo para que o memorial tenha condições estáveis de funcionamento, conservação do prédio e do acervo, recursos humanos e materiais para sua manutenção e atendimento ao público.
Discussão e encaminhamento por apoio da Municipalidade
Motivado pelos eventos da efeméride do centenário de nascimento do Pe. Brandt, celebrado em abril deste ano, e que envolveram o Memorial, o professor Raimundo Cosme da Silva Filho (Prof. Bebê) procurou recentemente a Câmara Municipal, objetivando de obter apoio da Municipalidade para essa demanda de interesse coletivo.
Após diálogo com alguns vereadores, em reunião com o presidente Evando Piancó, expôs a situação descrita nesta reportagem e requereu do Legislativo Municipal a criação de um projeto de lei que possibilite e por meio do qual seja articulado termo de parceria com a Prefeitura Municipal de Arari e o Instituto Pe. Clodomir Brandt e Silva ou outro meio de colaboração.
“Nosso intuito é que se consiga aprovar uma lei ou outro dispositivo oficial que garanta apoio financeiro e institucional ou outro modo de parceria que fortaleça o memorial de como que este se firme de maneira estável e inclusive venha a crescer de alguma forma” – comentou o professor Raimundo Coste, mobilizador dessa solicitação, a nossa reportagem.
Na oportunidade, a presidência da Câmara se comprometeu em pôr a matéria em discussão, identificar o meio mais viável de encaminhamento do assunto na Casa Legislativa, de maneira que se venha estabelecer ajuda oficial do Município ao memorial, de forma que se garanta a preservação deste, do seu acervo e o devido funcionamento acessível ao público.
“Na ocasião do Centenário de Nascimento do Pe. Brandt, a Câmara se fez parceira e consegui-se implementar algumas melhorias no prédio. Como ao Legislativo não dispõe de recursos próprios para fins dessa natureza, vamos estudar a melhor forma um instrumento pertinente que possibilite à Prefeitura contribuir com a manutenção do prédio e o funcionamento dos serviços que o memorial presta à comunidade” – afirmou o presidente da Câmara, Evando Piancó, ao Blog.
De antemão, e independente de futura e eventual ajuda oficial e factual do Município ao memorial, pensamos que algo já pode ser feito com a boa vontade dos ararienses e/ou outros entusiastas desse projeto de preservação da memória da vida e obra do Pe. Brandt em Arari.
O Instituto Perone (projeto Arari Cidade Aberta) deixa um apelo a seus leitores, no sentido de que contribuições de pessoas físicas e jurídicas são bem vindas de maneira a se fortalecer essa importante iniciativa cultural, de memória e pesquisa, que ao ser ver constitui um importante patrimônio da cultural de Arari. Com informações A1