Após discussão com prefeito, sargento entrega comando e vira alvo de investigação da PM do Maranhão
O sargento José Roberto Gonçalves Alves pediu afastamento do comando da 4ª Companhia do 28° Batalhão da Polícia Militar, em Anajatuba, distante 137 km de São Luís, depois de entrar em atrito com o prefeito da cidade, Sidnei Pereira (PCdoB), por conta de barreiras policiais realizadas no começo do mês de outubro no município. O Comando Geral da Polícia Militar disse que vai apuar a conduta do sargento.
Roberto Alves comandada o policiamento de Anajatuba até o começo do mês de outubro. Ele vinha tentando orientar a população sobre a importância de andar de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), como usar o capacete quando se pilota ou vai de carona em uma moto. Assim, uma blitz no dia 1º de outubro, segundo o sargento, foi feita para orientar os motociclistas. Por conta de irregularidades constatadas, ele apreendeu cerca de dez motos. No mesmo dia, ele recebeu uma ligação do prefeito da cidade, Sidnei Pereira. O prefeito reclamou da blitz policial por estar sendo feita na semana das eleições.
“Não me faça mais um negócio desse, por favor! Numa época dessa! Nós estamos a uma semana de uma eleição”, diz o prefeito em trecho da ligação telefônica.
O sargento diz então que está apenas fazendo o trabalho dele, dentro da lei. “Eu não aceito o senhor como prefeito da cidade querer me determinar. Eu não estou aqui, senhor, fazendo serviço pra político. Eu tô fazendo serviço pro povo”, diz o sargento.
O prefeito usa um tom ameaçador, faz referência à política e segue tentando convencer o sargento a parar a fiscalização. “Tá beleza, faz teu serviço pra ver se você consegue andar, andar, andar aí em Anajatuba”.
Depois de ouvir isto, o sargento Roberto diz que deve obediência apenas ao comando da PM. “Eu posso fazer uma representação. O senhor está me ameaçando. Coloque na sua postura de prefeito e me respeite. Eu sou sargento da Polícia Militar, senhor. Eu não sou subordinado de prefeito, de vereador, eu sou subordinado de ninguém, senhor. Eu sou subordinado de um militar”.
Depois, Sidnei Pereira, volta a falar de política. “Eu tô falando pra você, se você não levar o lado político em consideração você não consegue tocar as coisas aí. É isso que eu quero que você entenda. Nesse momento aqui não era momento pra você tá fazendo um negócio desse para criar problema pra todo mundo”.
Por fim, o sargento diz que ele pode fazer a blitz a qualquer momento. “Eu faço é a qualquer hora. Eu não tô criando problema pra prefeito, nem pra vereador e nem pra ninguém”.
Após este telefonema, o sargento Roberto se apresentou no Comando Regional, na cidade de Itapecuru-Mirim, e entregou o cargo de comandante da PM em Anajatuba. O principal motivo seria a preocupação com retaliações.
Sargento da Polícia Militar discutiu com prefeito de Anajatuba e pediu pra sair do comando da cidade — Foto: Reprodução / TV Mirante
Procurado na sede da prefeitura, Sidnei Pereira não foi encontrado para comentar o caso. Nessa quarta-feira, por telefone, ele falou que reclamou da forma agressiva como o policial estava fazendo a blitz. Negou ainda que em momento algum o telefonema dele teve motivações políticas.
Em nota, o Comando Geral da Polícia Militar disse que a conduta a ser investigada é a do sargento. “No cumprimento de suas funções institucionais, cabe ao Comando zelar para que nenhuma ação policial vise interferir no processo eleitoral, nem a favor nem contra qualquer candidato”, diz trecho da nota.
“Eu sinto muito, pois quem perde é o cidadão de Anajatuba. É que ele perde essa qualidade de serviço. Hoje eu ando de cabeça erguida, com a sensação de dever cumprido”, finalizou o sargento.
NOTA DA POLÍCIA MILITAR
A Polícia Militar do Maranhão informa que será instaurada uma sindicância para apurar a conduta do sargento José Roberto Gonçalves Alves, no município de Anajatuba, frente às normas e regulamentos da corporação. O sargento foi chamado para a sede do Batalhão, que fica em Itapecuru Mirim, a fim de dar os devidos esclarecimentos.
No cumprimento de suas funções institucionais, cabe ao Comando zelar para que nenhuma ação policial vise interferir no processo eleitoral, nem a favor nem contra qualquer candidato.
A polícia militar do Maranhão deve se sentir honrada por ter um policial tão destemido quanto SGT Roberto se todo municipio tivesse um militar corajoso como ele ,acredito eu que seria bem melhor e o cmg da polícia militar deve rever essa situação.
Na realidade ele deveria ser promovido por bravura e não investigado .