Muito se tem discutido sobre o sentimento de pertencimento como forma de instrumentalizar a construção da identidade. O que pouco se percebe é que por ser um tema intuitivo, pouco nos entregamos a uma reflexão mais profunda. Como destaca Hanna Arendt em suas palavras: “O verdadeiro isolamento é cercar-se de iguais” deixando evidente que a ideia de isolamento posta de forma metafórica e até literal, consiste em isolar-se, que, ao invés de afastar, na verdade consiste em se aproximar daqueles que compactuam comigo, ignorando o lado de fora da bolha, ou seja, apenas uma narrativa é tida como verídica, quando na verdade estamos cercados por diversas delas.
Assim o indivíduo agarra-se a esta, por medo do desconhecido. Desse modo, pontua-se que é o medo do desconhecido que nos faz se isolar. O medo então nos prende a uma perspectiva limitada que por vezes interfere no eu, no ser quem sou. E desta forma surge o espelhamento inconsciente do comportamento coletivo, espelhamento esse que nos prende a uma gaiola, (representada por um dado grupo comunitário) na qual tem-se o sentimento de pertencimento e sensação de conforto. Quando desafiados a sair desta gaiola, encontramos então o vazio, vazio que provoca, novamente, o medo e a ansiedade.
À primeira vista parece errado sair dela, mas na verdade esta é chave para o encontro com o eu, do ser quem sou, do ser autêntico e encontrar conforto no desconforto, ainda que signifique voar sozinho.
ERIKA SOUSA BISPO
Você é maravilhosa, impecável apenas.
Você✨