Por João Batalha
Ainda no ano de 1957, os ararienses comemoravam o aniversário do seu município na data de 24 de maio, dia em que na verdade fora criada a freguesia de Nossa Senhora Graça do Arari, através da Lei 465 de 1858, até então, curato, filiado à freguesia de Nossa Senhora de Nazareth; e por conseguinte, na condição de segundo distrito da Vila do Mearim.
Reportando-se a uma matéria divulgada na revista Hinterland, o jornal Cidade de Pinheiro, em sua edição do dia 16 de março de 1958, contestou a reportagem e esclareceu em destaque de primeira página: SOMENTE EM JUNHO DE 1964 ARARI ESTARÁ COMPLETANDO O SEU PRIMEIRO CENTENÁRIO.
Assunto que esclarecia o evidente engano na projetada comemoração de sua Centúria para aquele ano, tendo recebido, como benefício maior do deputado Neiva Moreira, em homenagem ao seu centenário, a autorização do Ministério da Saúde, para implantação do serviço de abastecimento de água potável da cidade. Alvíssaras também difundida pelo jornal Notícias, como dádiva do aludido deputado ao povo arariense.
E prosseguindo, reafirmava o jornal pinheirense que somente no dia 27 de junho de 1964, Arari poderia festejar o seu Centenário. E avança no tema esclarecendo a confusão criada por causa da Lei 465, de 24.05.1858, reiterando que em maio de 1958 Arari atingia o Centenário de freguesia, porém, nunca, o de município.
A partir do esclarecimento feito pelo jornal Cidade de Pinheiro os ararienses trataram de comemorar a festa de aniversário de emancipação de Arari na data de 27 de junho, o status quo do município.
Segundo Sabino Lopes Rosas, estudioso e pesquisador da história de Anajatuba, na década 1850, enquanto Joaquim José da Silva Rosas (Comendador Rosas) se movimentava na campanha para a emancipação de Santa Maria de Anajatuba, o Padre Inácio Mendes de Morais e Silva também trabalhava a emancipação do Arari.
Vamos aos fatos:
Novembro de 1862 – Em 24 deste mês e ano, na vigência do governo do Conselheiro Antônio Manoel de Campos Melo, surge o primeiro movimento emancipatório de Arari que contava, na época, com uma população de 699 cativos e mais do dobro de pessoas livres.
A apresentação do projeto nesse sentido, encontra, de logo, resistência por parte de Manoel Lourenço Bogéa, que foi presidente da Câmara Municipal da Vila do Mearim (administrador do município), em três oportunidades. Submetido a votação no plenário da Assembleia Provincial do Maranhão, diante da reação Manoel Lourenço, que era arariense de nascimento, e sob pressão do presidente, Campos Melo, de quem era correligionário o político mearinense, a Assembleia rejeita o pedido de emancipação política administrativa de Arari.
Mas o aniversário do município.
Maio de 1864 – Assembleia Provincial do Maranhão recebe, pela segunda vez, projeto de criação do município de Arari.
Dia nove de maio – discute em primeira votação;
Dia vinte de maio – debate em segunda discussão;
Dia vinte e um de maio – coloca na Ordem do Dia, e discussão em terceira votação;
Dia primeiro de junho de 1864, a Assembleia Provincial do Maranhão vota e aprova, sem debates, a criação do município de Arari, até então com a grafia Arary.
Dia vinte e sete de junho do mesmo ano – o poder executivo assina Lei Provincial que eleva Arari à categoria de município, continuando sua sede com o título de vila, porém passando a ter autonomia política e administrativa, desmembrando-se de Vitória do Mearim.
Aprovada a lei de criação do município, em primeiro de junho de 1864 pela Assembleia Provincial e sancionada em 27 do mesmo mês e ano, pelo desembargador Miguel Joaquim Aires do Nascimento, vice presidente da Província do Maranhão, no exercício da presidência, realiza-se no dia sete de setembro de 1864 a primeira eleição para dirigentes do município, presidida por João Joaquim Pereira, primeiro juiz de paz do recém-criado município. O resultado foi o seguinte: Vereadores eleitos: José Antônio Fernandes, Pedro Nunes Cutrim, João Joaquim Pereira, Lino José Tiago de Melo, Joaquim Duarte Fernandes, Raimundo Hermenegildo de Sena e José Nicolau Pereira.
O mandato dos que se elegeram começaria dia primeiro de janeiro do ano seguinte, mas, mediante impasse criado para saber quem seria o instalador do município, e sugestão de José Antônio Fernandes, com anuência do presidente da Província, Ambrósio Leitão da Cunha, a instalação do município, e a posse dos eleitos, para um período de quatro anos, foram transferidos para dia a oito de janeiro de 1865. Nessa data, ocorre, de fato, a autonomia político-administrativa de Arari, através da instalação de sua Câmara Municipal e posse de seus vereadores, em um número de sete, com a emancipação do neo-município. Na condição de vereador mais votado tomou posse na presidência da Câmara, e concomitantemente administrador do município, José Antônio Fernandes, posse que lhe foi dada pelo presidente da Câmara Municipal de Vitória do Mearim, Joaquim Francisco Fernandes, instalador do novo município.
A Câmara, administradora do município, foi instalada e passou a funcionar em uma sala da residência do próprio presidente.
Pergunta-se:
Qual data devemos comemorar a emancipação política administrativa de Arari?
Primeiro junho? Dia em que o município foi criado pela Assembleia Provincial do Maranhão?
Vinte e sete de junho? Data em que o presidente da Província do Maranhão sancionou a Lei de primeiro de junho? ou
Oito de janeiro? Data de efetiva autonomia do município?