Por Adenildo Bezerra
O atual território do município de Arari, no estado do Maranhão, foi originalmente habitado por diversos povos indígenas. Estudos arqueológicos, como os realizados no sítio da Boca do Campo, na região de Moitas, evidenciam que há pelo menos 800 anos comunidades indígenas ocupavam essa região. As etnias Guajajara, Tabajara, Timbira e outros grupos de matriz Tupi estão entre os povos originários que habitaram o território arariense, imprimindo traços marcantes na história e na cultura local.
A toponímia do município revela essas origens: a palavra “Arari”, de origem tupi, pode significar “arara pequena” ou “rio de araras”, remetendo à rica fauna e às características geográficas do lugar. O termo está diretamente relacionado ao “Igarapé do Arari”, curso d’água historicamente importante para a formação da vila e que possivelmente deu origem ao nome da cidade. Como explica o escritor Washington Cantanhede, em sua obra 1784, publicada em 2024. Portanto, Arari já foi aldeia indígena, uma verdadeira terra de índios.
Além da influência toponímica, diversos vocábulos ainda presentes no cotidiano da população de Arari derivam das línguas indígenas, como criviri, jenipapo, Mearim, jiquiri, mandioca, mutum, capivara, Nema, Ubatuba, aninga, entre outros. Esses termos não apenas nomeiam elementos da fauna, flora e geografia locais, mas também indicam práticas alimentares, de cura, de manejo do meio ambiente e de organização social herdadas dos povos originários.
A cultura indígena deixou marcas profundas nos hábitos, costumes e formas de vida da população arariense. O uso de plantas medicinais, a pesca artesanal, o artesanato com fibras naturais e a relação simbiótica com os rios e matas são exemplos de heranças culturais ainda observáveis. A sabedoria tradicional indígena sobre a biodiversidade do território contribuiu significativamente para a formação do modo de vida local.
Reconhecer a presença e a contribuição dos povos indígenas na formação do território de Arari é não apenas um ato de justiça histórica, mas também uma forma de valorizar a diversidade cultural e reforçar identidades. Os povos originários não foram apenas os primeiros habitantes dessas terras; eles são parte constitutiva do que hoje se compreende como o povo e a cultura arariense.
Foto: Jornal Unesp