autor: José Maria Sousa Costa.
crônica do livro: Avenida Arari.
Feliz Aniversário, com e pelas curvas do teu Mearim, que enamorando-te, saúda-te e abraça-te, e muito mais que seduzir-te, alimenta os teus, com mandubés, surubins e piabas pintadas expostas em flandes, contempladas por brasas de lenha, e camarão, ainda que de sabor tão elaborado, quanto carambanjas e farinha d’água, com sal e limão.
Feliz Aniversário, com os teus melanciais de polpa rosa choque, devoradas em fome, e exposta em festival entre risos e alegrias, esparramados entre mesas de bares e companhia de ” brêjas “, de beijos e cochichos, que debocham-se entre perfumes e cios, em caminhos de gozo, depois do ” arribar a saia”, e de esporrada em beijas-boca.
Feliz Aniversário, com as tuas veias expostas: Barata, Boa Esperança, Franca, Perimirim, Cocal, Cafezal, Batuba, Santo Antônio, Axixá, Nema, Pitiu, Alto Fogoso, Cruzeiro que a mim pariu, e da Bêra, que adotou-me. E todas tantas, e outras. Em todas eu corri à pé, mesmo a mais nova, a Toca do Jacaré. De bar em bar, todas correm para chegar ao mar, por que o rio, abre os seus braços à navegar.
Assim como hoje, que no limiar de um novo tempo, o céu permaneça estrelado eternamente, e resplandeça no espelho d’água, do Lago da Vida, que em desespero apelidamos “ da Morte “, com a sorte de termos em curvas nuas, salientado, em correntezas, desde a boca do Nema, que a te bolinou com caniços e tarrafas, em noites de luas claras.
Ah, que as cordas em anzóis estendidas no teu Mearim, não seja de desespero ao côfo, por que as caçarolas cantam e regorjeiam, à espera de caldos pirão, para depois deitarmos em redes e embalarmo-nos preguiçosamente, por que viver, é rebucetear os desejos, sem esperar o clarão de madrugadas, espantadas pelo cantar de galos.
Feliz Aniversário, por arrastar-se em procissão, com pés descalços em nome de Bom Jesus ou de Nossa Senhora da Graça, Santana, Santa Luzia e Benditos, suplicando aos céus, perdão, pelos pecados teus.
Não tenho a sanha, dos que a te agridem, por que estou no Mirante dos que a Ti, contemplam! Que Deus, nos abençoe, enquanto ainda resta tempo para pedir, e sejamos lúcidos, o suficiente, para agradecermos, a sua grandeza infinda.
Feliz Aniversário, à Ti, e às “ ararinhas “. E o – escrevinhador – que em crônica, verseja a tua imensidão, levanta-se para ovacionar-te, em paixão de coração pulsante.