Aluno da UFMA usa juçara em pesquisas de combate ao câncer

ASCOM

Foto: ALUNO UFMA MEDICINA

Desde 2014, o estudante de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, Marcos Antônio Custódio Neto da Silva, é bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob orientação da professora Maria do Desterro Nascimento. Suas pesquisas com o extrato da juçara para o combate ao câncer têm chamado atenção da comunidade científica, rendendo ao aluno premiações em duas categorias do Prêmio Dr. Hélio Mendes de incentivo à pesquisa em Oncologia: 1º lugar com o trabalho em “Análise da citotoxidade da juçara em linhagens de Adenocarcinoma de Próstotata, PC-3”, e o 3º lugar com a “Análise da citotoxidade do extrato da juçara, Euterpe oleracea Mart., em células de Adenocarcinoma de Cólon, HT-29 e CACO-2”.
O Prêmio Dr. Hélio Mendes, que tem objetivo de incentivar a pesquisa científica em oncologia no Maranhão, foi concedido no II Congresso de Oncologia do Hospital São Domingos, entre os dias 13 a 15 de abril, onde o discente de Medicina, representando seu grupo de pesquisa, levou duas das três primeiras colocações. Em entrevista, Marcos Antônio Custódio Neto da Silva, falou sobre os desafios das pesquisas, as expectativas do grupo e sobre os resultados.
Marcos, como surgiram as pesquisas com o extrato da juçara para o combate ao câncer?
Marcos Custódio: A pesquisa iniciou a partir da tese de doutorado da professora Dulcelena Ferreira da Silva, do Departamento de Morfologia da UFMA, avaliando o papel da juçara, Euterpe oleracea Mart., e seu potencial efeito citotóxico nas células do câncer de mama e nas células de câncer colo-retal. Então, a minha professora orientadora Maria do Desterro Nascimento sugeriu para o grupo do Núcleo de Imunologia Básica e Aplicada (Niba), formado por nove pessoas, entre professores e alunos, para continuarmos com a pesquisa do câncer retal e iniciarmos pesquisas na mesma linha, com o câncer de próstata, analisando se componentes da juçara conseguiam matar as células cancerígenas. Com isso, nós estudamos duas linhagens de cólon, o HT-29 e CACO-2, e uma linhagem de próstata, PC – 3, e avaliamos o efeito da juçara. Inclusive nosso grupo já depositou uma patente com o extrato do fruto.
Quais os métodos utilizados nas pesquisas?
MC: Para a pesquisa nas células de adenocarcinoma de cólon, HT-29 e CACO-2, nós coletamos os frutos no Parque da Juçara, aqui em São Luís. Em seguida, partimos para a confecção exsicata, uma amostra feita para a identificação de espécies vegetais. Os extratos hidroalcoólicos foram extraídos no Laboratório de Farmacologia e Psicobiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. As linhagens utilizadas na pesquisa, o CACO-2 e HT-29, apesar de vindas de um mesmo tipo tumoral, apresentam características distintas, sendo a CACO-2 uma célula com fenótipo mais diferenciado e proliferação mais lenta quando comparada a linhagem HT-29, com fenótipo mais indiferenciado e proliferação mais rápida.
Já para o estudo da citotoxidade nas Linhagens de Adecarcinoma de Próstata, PC-3, os frutos foram coletados no Parque Ecológico do Maracanã, zona rural da cidade. A citotoxicidade in vitro foi avaliada por meio da exposição da linhagem de células PC-3, derivadas de adenocarcinoma de próstata humano, a diferentes concentrações do extrato da juçara, por determinados períodos de tempo.
A que resultados as pesquisas chegaram?
MC: Nas células de adenocarcinoma de cólon, a juçara não conseguiu reduzir a viabilidade celular. Já nas células de próstata, os extratos hidroalcoólicos do caroço da juçara possuem potencial citotóxico, de forma tempo-dependente. Agora vamos estudar qual a fração do extrato tem mais efeito em induzir a morte das células. Inclusive, esse estudo continua na tese de doutorado do professor Walberth Muniz, que vai estudar qual o fitoquímico mais presente no extrato da juçara que mais tem a ver com essas células.
Como foi ver os trabalhos desenvolvidos serem premiados?
MC – Foi uma grata surpresa e muita felicidade ver o trabalho da Universidade ser reconhecido. É importante para nós, enquanto equipe, porque é um estímulo para continuarmos mantendo nossas atividades de pesquisas, pois nós sabemos que o estudo de oncologia no Maranhão ainda é carente. Então, esses trabalhos mostram que podemos aliar saberes populares com o conhecimento científico para que possamos avançar nos métodos de tratamento oncológico.
 Fonte: oimparcial

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