AS MARCAS DE UM CAMPEÃO!

20160605_124931As verdadeiras marcas de um campeão precede a sua história e ganha tons de eternidade. É nesse sentido que teço meu texto para me solidarizar com tantas pessoas que assim como eu sentem a perda de um filho de Arari que, em quase tudo que falava se referia a algum aspecto desta terra. Pois sei que a sua partida não representará um sinal de despedida, mas um chamamento para outra morada onde não há choro e nem gemido. Refiro-me a nosso amigo Ataulfo em que pese acompanhar fatos e ações de pessoas em nossa amada Arari. Assim disporei em linhas curtas alguns significados dessa transcrição.

Era quase sempre meio dia, Dona Praseres escuta os berros de seus carneiros e convocava a meninada para o almoço. “Todos de pé!” A oração que o Senhor nos ensinou é ensaiada pelo mestre Dico Praseres. “Presta atenção, menino, tu parece que não quer me obedecer!” O menino calado, obedece e ensaia um choro que logo é engolido pelo olhar do mestre. O almoço é nada mais nada menos que uma curimatá escalada com um bom feijão branco, toicinho da lavra da barraca de Dico Praseres.

O berro sem parar das carneiras indica que é chegada a hora de vestir o fardamento do Colégio do Padre: casquete, gravata, camisa e uma calça impecável. Ataulfo, nome sugerido pelo pai que homenageava o grande cantor e compositor Ataulfo Alves. Naquela época fazia muito sucesso e nada mais justo de que colocar um nome de um menino famoso ao famoso compositor das multidões. O menino cresceu, junto com seus irmãos, ali mesmo na Rua da Franca, onde tinha uma oficina, um armazém, a casa grande e um enorme quintal e sempre via-se a admirar o por do Sol no Porto que “l e v a v a” o nome de seu pai: Porto de Dico Prazeres. Ali se ancoravam lanchas barcos, canoas e balsas. Um porto muito movimentado. os meninos se divertiam, Taulfo era um deles.

Nas tardes de domingo no pátio de Tia Rosinha, lá estava Ataulfo, O imponente goleiro que fazia defesas mirabolantes, recebendo aplausos dos jovens capitaneado pelo malabarista Dimas Peito de Aço. Como um corpo atlético, fazia delirar as mocinhas que passavam por ali ao ver o goleiro- galã e elas não se continham aos gritos: é genial!

Numa dessas minhas idas até o centro de Arari, eu sempre que passava pelo comércio do senhor Dico Praseres, deparava-me com Ataulfo, freguês e amigo do meu pai, nas chuteiras que fazia e na boa convivência com todos os vizinhos que o saudavam com alegria.

Ataulfo era assim, além de um amigo era também professor de grandes jogadas. Foi numa dessas suas convocações para a seleção de Arari, que numa partida memorável em Santa Rita, foi ovacionado e carregado pela torcida local. Por esse seu gesto grandioso de grande goleiro, namorou a filha do prefeito. A suas jogadas pela seleção, hoje, garantem-lhe uma entrada triunfal no céu. Será recepcionado pelos seus pais e pelos grandes mestre da bola, tais como, Pedro de Aprígio, Neco de Leu, Raimundinho, Teófelo, Marinaldo e serra seu treinador, que ao coral da maestria dos anjos de Deus, acolherão o goleiro, o amigo, o pesquisador e contador de histórias, Ataulfo.

Que Deus o tenha em um bom lugar, que aqui ficaremos com saudade, mas saberemos cultivar não somente o que é cultural e marcante em nossa gente especial, mas principalmente por se tratar de um ser humano especial.

Mas para amenizar a saudade do amigo da minha família, decoro em versos e prosas as jogadas e defesas do inesquecível Ataulfo.

Blog do Paulo Cesar

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