Estudo de doutorado sobre povoados do Baixo Mearim em Arari apresentado em Portugal

Apresentação de um dos trabalhos no II SASGEO, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
Apresentação de um dos trabalhos no II SASGEO, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

Nos dias 17 e 18 de maio corrente, foi realizado o II Simpósio Internacional de Águas, Solos e Geotecnologias (SASGEO), na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), na cidade de Vila Real, em Portugal. Na oportunidade, a estudante de Mestrado em História da Arte, Patrimônio e Cultura Visual da Universidade do Porto, Maria Clara Rocha da Costa, apresentou trabalho de pesquisa realizado pelo estudante de doutorado em Geografia da Universidade do Porto, Willian Carboni Viana, “Globalização e os povos rurais invisíveis do Baixo Mearim, Maranhão Brasil”

Trata-se do trabalho de pesquisa em andamento para a tese de doutorado do pesquisador catarinense radicado em Arari, mais precisamente no povoado Curral da Igreja, uma das comunidades estudadas na pesquisa, que se reporta diretamente aos impactos da globalização nos povoados ribeirinhos do Mearim, localizados entre a sede do município de Arari e confluência entre os rios Mearim e Pindaré: Santo Antonio, Barreiros, Bonfim e Curral da Igreja.

O estudo aborda questões como exclusão social, caracterização e análise das condições humanas e sociais dos povoados, o campesinato neles presente, e a contextualização das comunidades pesquisada em relação ao rio Mearim e à microrregião da Baixada Maranhense.

Segundo o pesquisador Willian Viana, a mestranda Maria Clara Costa, que apresentou o estudo no II SASGEO, “classificou o evento como organizado, interdisciplinar e integrador, o que possibilitou ótimos debates, além das pesquisas de renome” – compartilhou ela.

O pesquisador Willian Viana é natural de Santa Catarina, radicado em Arari há alguns anos, está em processo de integração como membro e pesquisador voluntário do Instituto Perone e de ingresso como sócio correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências (ALAC), e vem contribuindo com a articulação da I Bienal de Letras, Artes e Ciências de Arari, prevista para o primeiro final de semana de novembro deste ano.

Destaques do estudo – Dentre outros aspectos, em resumo o estudo evidencia que a desigualdade e a pobreza não são fatos atuais no meio rural, especialmente no Nordeste brasileiro. Fenômenos agravados pela globalização, que beneficiou alguns territórios e marginalizou outros incapazes de participarem do novo enquadramento de produção, capital e mobilidade. A abertura do mercado favoreceu políticas para proteção do sistema vigente, que tem como prioridade a produção em larga escala.

Livro de resumo dos trabalhos apresentados no evento, nos dias 17 e 18 de maio, em Portugal
Livro de resumo dos trabalhos apresentados no evento, nos dias 17 e 18 de maio, em Portugal

Neste contexto, com a pobreza e a desigualdade persistentes, parcela significativa da população rural brasileira, em particular a que vive em campesinato, foi classificada como inviável, sendo-lhes destinadas políticas de compensação, num quadro de Estado pretensamente forte e promotor de atenuação de desigualdades.

No caso, aborda-se o baixo curso do rio Mearim, Maranhão (Brasil), que comporta, em suas margens, inúmeros povoados rurais em sistema campesino. Os povoados, acima aludidos, coabitam com condicionantes ambientais e com conflitos de diversas ordens, assinalados por latifundiários oligarcas locais, concentração de terras e
exploração humana.

A maior parte das terras está concentrada nas mãos de poucos proprietários, em contraste a ocupação posseira. Os posseiros, por sua vez, são caracterizados principalmente por quilombolas, povoados rurais e ribeirinhos, comunidades extrativistas, de modo geral, descendentes de negros, indígenas e de colonos europeus pobres, grupos historicamente desfavorecidos e dominados socialmente.

Não havendo projetos para o desenvolvimento integrado, nem capacidade dos residentes se integrarem no processo de globalização, parecem relegados ao assistencialismo do Estado (em recuo) ou à migração. Deste modo, o presente escrito pretende uma reflexão sobre territórios que não estão integrados ao sistema global, ainda que recebam impactos da globalização, especialmente em se tratando de desigualdade e exclusão social.

Fonte: Blog A1
Fonte descritiva do estudo: Livro de Resumo do II SASGEO
Fotos e colaboração: Maria Clara Rocha da Costa

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *