Kaia Na Gandaia. Mas, É Carnaval.

Crônica de: José Maria Costa

Brilho. Plumas. Paetés. Sorrisos. Mulheres Peladas. Drogas. Analgesicos, juntos e misturados com uísque, pó e guaraná.
Galanteios, prostituição, promiscuidades, corrupção, enfim, um enredo de alucinações, que aterriza sobre a terra, e disfarçados de alegria, toma de assalto e sem arma, a alma, para chafurdar na memória da bizarrice, os saracuteios dos remelexos em um corpo humano.

É carnaval, é tempo de pular e copular entre gargalhadas e sorrisos. E, eis que as dorotéias revelam-se, explodem dos armários, e batem as suas petecas. Elas serpenteiam-se, escrachando o bom senso e borrando o senso comum, e nesse vai e vem psicótico, por menstruação atrasada, estupram a Colombina.

Samba, regue, xote, maxixe, vale tudo, tudo é válido. Só não pode é deixar o pingolim desprotegido, senão fica a espirrar rumo a uma cossa, que não sabe-se lá, por que, desta periqueitar-se tanto, rumo a um coração que finge, está ” pegando fogo”.

É carnaval, festa profona, dizem os puritanos, cuidado para não abortar na saia, está bem, isso não é problema, então, caia na gandaia. Observe, para não ter a porta arrombada, senão o gozo derrama, vaza, e não tem outros festivais de cores e fanfarras.

Caia na gandaia, sem ser preciso masturbar-se com a mente, pegue leve, não desafine com o seu reco-reco. Mas, não existe a necessidade de enfiar constantemente em pelo nu, a baqueta na bumba.

Confesso que não irei à Avenida, nem seguirei o trio elétrico, nem farei trenzinho em clubes carnavalesco, estou obrigado a lamber uma “antropologia” que o Direito “impôs-me”, o que em quimera de adolescente, faz-me sonhar com dias melhores.

Confesso mais. Estou sentindo-me um palhaço sem circo. Um anjo de asa quebrada. Uma puta sem bordel, enfim, um rosto borrado com as tintas da tristeza.
Mas, tudo bem, bemben, ao menos colarei o ouvido na alma, e deixo esta, por entre o ventre da janela berrar:

” As águas vão rolar
Garrafa cheia,
Eu não quero ver sobrar.
Eu, passo a mão no saca-saca- saca rolha
Eu bebo até, me afogar.
Deixa
As águas
Rolar.
As águas vão rolar..

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