Por Adenildo Bezerra
No dia 7 de agosto de 1812, Lourenço da Cruz Bogéa, cidadão respeitável pelos seus anos, como por suas virtudes, levantou à sua custa, precedendo licença do Bispo Dom Frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré, junto à igreja, uma capela onde se adora o Senhor Bom Jesus dos Aflitos, representado por linda e perfeita imagem. Os paramentos e alfaias foram doados pelo mesmo fundador (MARQUES, 1970, p. 88). Por despacho de 17 de novembro de 1820, mandou o bispo que a imagem fosse benzida. Pertence até hoje à Paróquia de Nossa Senhora da Graça do Arari.
A partir de 1812, portanto, todos os anos, a comunidade católica de Arari realiza o Festejo de Bom Jesus dos Aflitos. Até pouco tempo, era apenas três dias de festejo. Nos últimos anos, a secular festa em homenagem e adoração ao Bom Jesus, passou a ser celebrada em nove dias, de 05 a 14 de setembro, sendo que, o dia 14 é o ponto alto do festejo. Nesse dia, acontece alvorada, missa matinal com vários batizados, leilões, procissão pelas ruas da cidade e missa de encerramento. O dia 14 de setembro, Dia de Bom Jesus dos Aflitos, é aguardado com muita alegria e devoção por fiéis católicos de Arari e do Maranhão. No dizer do escritor e poeta, José Fernandes, em sua bela crônica no livro Gente e Coisas do Minha Terra, p. 11-12, “é um dia diferente”.
Dantes, durante o período do festejo, muitos bazares tomavam conta dos arredores da praça da Matriz. As casas ficavam lotadas de familiares e parentes que vinham a Arari para participar da procissão. Segundo BATALHA (2011, p. 350) era tradicional o uso de roupas novas pelas mulheres e terno pelos homens. Um grande número de fiéis de todos os quadrantes do município de das vilas da Vitória, Anajatuba, Viana, Itapecuru e da capital do Estado, se fazia presente. Milhares de romeiros e peregrinos de várias partes do Brasil vêm para Arari a fim de tomarem parte da grandiosa festa.
O Festejo de Bom Jesus dos Aflitos como espetáculo cívico-religioso, é um dos maiores do interior do Maranhão. Devido à suntuosidade e grande tradição, como mais de duzentos anos de existência, a festa de Bom Jesus dos Aflitos, assim como o Festejo de Nossa da Graça, foi considerada Patrimônio Imaterial do Maranhão pela Lei nº 487/2019.
Na década de 1970, o festejo foi motivo de uma briga política. Em 1978, de acordo com o Decreto Municipal nº 118, o dia 14 de setembro foi consagrado como Dia da Confraternização Arariense. Ocorria, então, uma festa paralela à de Bom Jesus dos Aflitos. Isso gerou ira no Padre Brandt, que, em protesto, cancelou a festa católica naquele ano. Depois, os ânimos foram acalmados, e a data da festa em comemoração ao dia da confraternização arariense foi alterada, passando a ocorrer no último fim de semana do mês de setembro, como Festival da Melancia.
O festejo do glorioso Bom Jesus dos Aflitos é emblemático, lindo e emocionante. Todos sem emocionam quando ouvem o Hino de Bom Jesus. Por sinal, é um dos mais belos poemas da Igreja Católica. Não sabemos que foi o autor da letra. Contudo, segundo BATALHA, 2011, p. 351-352) ela passou por adaptações do Pe. Brandt e outros colaboradores. “Veste de puro amor, um amor que é só luz, santifica esta cidade, ó querido Bom Jesus”.