Por José Maria Sousa Costa
São os que levantam as 04:00 h., coloca às costas um côfo, ao ombro uma enxada, e na cintura amarra com imbira, uma catana, e segue a encontrar o raiar do sol, entre passos esparramados em caminho de batida, atravessando côrgos e rêgos sinfonizados por jias, e dentro do côfo um punhado de farinha d’água enrolado numa toalha de mão, que lhe serve de alforje para “ punhar” debaixo do rancho, com uma calhambuca de água, quando o sol estiver “ a pino “, e este imaginar que seja meio dia ?
– ou são os que levantam às 09:00 h., tomam banho morno, enxugam-se com tolhas versace, fartam-se em mesa café, leem jornais, revistas e saites, chamam os motoristas para carregarem as malas de mão, pedem as empregadas que enxuguem os seus pés, usam gravatas hemès, sonegam imposto de renda, deleitam-se em praias paradisíacas, e escrevem poesias em papel manteiga ?
Quem são os desiguais e porque são protegidos pela Constituição Federal ?
– são os residentes desdentados e olhos arremelados, que recebem bolsa família, e se escondem em casas cobertas de palha e tapada de barro ?
– são os residentes juízes que recebem bolsa moradia judiciário ?
– são os residentes filhos de juízes que recebem do governo, sete mil reais mês, de bolsa escola para estudarem?
Quem são os desiguais protegidos pelo sol da desigualdade social, que regateia nesse remelexo e pendura a sunga nos ombros da miséria ou do riso?
Quem é esse menino de olhar espichado escarrupitela, de “ calçãozinho “ amarelo encardido, que olha um pedaço de rapadura passar e segue sorridente reboceiteando os sabores em Ipanema, Higienópolis ou Renascença de risos com dentes furados ?
De quem é o riso esparramado na janela dos wi-fi coloridos, que postam poesias e armas, e se misturam em avenida e ruas selecionadas pelo vil metal, que rir e maqueia o lixo que derrama da Constituição?
Quem são os desiguais, onde está, e como sambam nesta passarela desigual chamada: desigualdade social?
