SOBRE OS “CACURIÁS PORNOGRÁFICOS”

Por Alex Corrêa

“Mamãe, como se chama essa dança? – perguntou minha filha sobre aquela dança”, dizia uma internauta revoltada que se retirou imediatamente do arraial afirmando que ficou sem resposta à pergunta da filha.

Como pedagogo, nunca gostei de ficar sem dar resposta a perguntas de crianças , mas naquele caso, seria difícil definir aquilo como “dança” ou como o cacuriá: um arraial repleto de famílias, senhores, mulheres, crianças e turistas sendo surpreendidos por jovens se movimentando eroticamente ultrapassando absurdamente os limites do bom senso.

Sempre definii o período junino como o meu preferido no ano em função de suas festividades encantadoras, mas alguns grupos têm tirado o encanto de alguns arraiais por sua ousadia levada ao extremo. Ora, sabemos bem a diferença entre uma coisa e outra: li sobre a criação do cacuriá por Lauro Mestre e o conheci como manifestação cultural com Dona Teté, uma das pioneiras que, mesmo irreverente para alguns, seu grupo usa da sensualidade, alegria e descontração dos dançarinos, da ginga malandra ritmada pelos tambores com Rosa Reis e grupo puxado pela marca e magia afrocultural maranhense.

É preciso que os órgãos competentes, a Secretaria de Cultura, responsável pelo credenciamento das danças e brincadeiras pelos arraiais de São Luís atentem para que se evitem situações de constrangimento como algumas que se tem presenciado na capital maranhense proibindo a participação destes grupos que querem se intitular de cacuriá.

Não se trata de puritanismo, mas de colocar cada coisa em seu lugar. Estou certo de que para danças eróticas e práticas sexuais há oportunidades e locais compatíveis.
Trata-se de preservar nossas crianças, de não perder o encanto do nosso festival junino, de evitar a descaracterização de uma dança, de uma manifestação cultural misturando-a com o favorecimento da promiscuidade e depravação.

Parabéns a Andrezinho do Cohatrac que se manifestou publicamente contra o que aconteceu no arraial do Cohatrac. Sua fala me representa!

Eu, que amo o São João, me envergonho com esses novos grupos.

Penso que Dona Teté ficaria envergonhada.
Lauro Mestre não se reconheceria nesses grupos.

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