O maior derrotado com a eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando da Câmara foi o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A disputa mostrou que o peemedebista está com o poder esvaziado e que conseguiu, em votação secreta, 170 votos em favor de seu candidato, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), representante do centrão. Isso é uma sinalização de que, em votação aberta, Cunha não terá como escapar da cassação, com uma margem expressiva.

Ao mesmo tempo, o resultado da eleição mostra uma fragmentação do centrão. O grupo de partidos que é liderado por Cunha diminuiu de tamanho com o resultado da votação. Até então, as lideranças do centrão proclamavam ter o controle de 300 deputados. A eleição de Maia mostra que o grupo ainda é expressivo, mas deixou de ser majoritário.

No Palácio do Planalto, o presidente em exercício Michel Temer sabe que continuará dependendo do centrão. Mas essa dependência será menor. Ao mesmo tempo, houve uma discreta comemoração de interlocutores mais próximos de Temer: o estilo faca no pescoço adotado por Eduardo Cunha perdeu o protagonismo com essa eleição. Com Cunha esvaziado, o Planalto ganha folga para negociar com a Câmara.